segunda-feira, 10 de junho de 2013

Presidente da Turquia promulga lei que limita consumo de álcool no país


Medida era defendida pelo governo islamita conservador de Erdogan.
Manifestantes antigoverno tomam cerveja na rua para desafiar o regime.

Manifestante turca bebe cerveja durante protesto em  Izmir neste sábado (8) (Foto: AFP)Manifestante turca bebe cerveja durante protesto em Izmir neste sábado 
Apesar das manifestações que agitam a Turquia há 11 dias, o presidente Abdullah Gül promulgou nesta segunda-feira (10) a polêmica lei defendida pelo governo conservador islâmico que restringe o consumo, a venda e a publicidade de bebidas alcoólicas no país.
O presidente "transmitiu a lei 6.487 aos serviços do primeiro-ministro para publicação" no diário oficial, anunciou a presidência em comunicado.
A lei entra em vigor a partir de sua publicação no diário oficial.
Votada no dia 24 de maio, ao final de um rápido processo, o texto foi apresentado ao Parlamento pelo Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan. A justificativa para a lei é a proteção da saúde da população.
Segundo a lei, a venda de álcool fica proibida em todos os estabelecimentos comerciais entre 22h e06h00, e terminantemente proibida em todos os locais próximos a escolas ou mesquitas. Mensagens de advertência para os perigos do álcool são a partir de agora obrigatórias nas embalagens de bebidas.
O patrocínio de eventos por marcas de bebidas está banido, assim como a presença de imagens incitando o consumo em filmes exibidos nos cinemas, séries de televisão e clipes musicais.
O texto reforça também a repressão contra a embriaguez no trânsito, prevendo uma multa de 700 liras turcas (cerca de R$ 800) e a suspensão da carteira de habilitação por seis meses para todos os motoristas que registrarem um índice alcoólico superior a 0,05%. Condutores identificados com mais de 0,1% serão passíveis de pegar até dois anos de prisão.
Ao longo dos debates parlamentares, a oposição laica denunciou o texto acusando-o de liberticida. A oposição fala de um crescente controle da vida privada da população por parte do regime, e acusa o governo de querer islamizar a sociedade turca.
A aprovação do controverso texto acontece no momento em que milhares de turcos protestam há 11 dias exigindo a renúncia do premier Erdogan, acusado de autoritarismo.
A lei é alvo dos manifestantes, que bebem cerveja nas ruas para protestar contra a ordem moral que, segundo eles, o governo tenta impor.

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