Jornalista postou relato em sua página do Facebook.
Ela afirma que já consegue enxergar com olho atingido.
A repórter do jornal "Folha de S. Paulo" atingida no rosto por uma bala de borracha durante a manifestação contra a alta da tarifa, no Centro de São Paulo, afirmou que seus óculos salvaram seu olho. Protesto ocorrido na quinta-feira (13) deixou feridos e mais de 200 detidos.
Na manhã desta sexta-feira (14), em sua página do Facebook, Giuliana Vallone contou detalhes sobre a avaliação médica pela qual passou e do momento em que ela e um colega de trabalho foram atingidos pelos disparos de balas de borracha da Tropa de Choque da Polícia Militar.
Na postagem, a jornalista informa que após passar por exames clínicos nenhuma fratura ou dano neurológico foi constatado. Giuliana afirmou ainda que já consegue enxergar com o olho atingido. Ela passou a noite em observação no Hospital Sírio Libanês.
Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, a PM diz que atuou para garantir o direito de livre manifestação. "A Polícia Militar atuou dentro dos preceitos constitucionais para garantir o direito de livre manifestação, contudo é seu dever assegurar os direitos de toda a população, incluindo-se o direito de ir e vir. É totalmente descabida qualquer declaração de que a PM tenha agido com o intuito de insuflar a violência", informou a corporação.
Confira a postagem da jornalista Giuliana Vallone na íntegra:
Queridos,
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todas as manifestações de carinho e preocupação recebidas dos amigos e também de pessoas que não tive a oportunidade de conhecer. Vocês são incríveis.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todas as manifestações de carinho e preocupação recebidas dos amigos e também de pessoas que não tive a oportunidade de conhecer. Vocês são incríveis.
Agora, o boletim médico: passei a noite no hospital em observação. A tomografia mostrou que não há fraturas nem danos neurológicos. A maior preocupação era o comprometimento do meu olho, que sofreu uma hemorragia por causa da pancada. Felizmente, meu globo ocular não aparenta nenhum dano. E agora, ao acordar, percebi a coisa mais incrível: já consigo enxergar com o olho afetado, o que não acontecia quando cheguei aqui. Fora isso, estou muito inchada e tomei alguns pontos na pálpebra.
Sobre o aconteceu: já tinha saído da zona de conflito principal --na Consolação, em que já havia sido ameaçada por um policial por estar filmando a violência-- quando fui atingida. Estava na Augusta com pouquíssimos manifestantes na rua. Tentei ajudar uma mulher perdida no meio do caos e coloquei ela dentro de um estacionamento. O Choque havia voltado ao caminhão que os transportava. Fui checar se tinham ido embora quando eles desceram de novo. Não vi nenhuma manifestação violenta ao meu redor, não me manifestei de nenhuma forma contra os policiais, estava usando a identificação da Folha e nem sequer estava gravando a cena. Vi o policial mirar em mim e no querido colega Leandro Machado e atirar. Tomei um tiro na cara. O médico disse que os meus óculos possivelmente salvaram meu olho.
Cobri os dois protestos nesta semana. Não me arrependo nem um pouco de participar desta cobertura (embora minha família vá pirar com essa afirmação). Acho que o que aconteceu comigo, outros jornalistas e manifestantes, mostra que existem, sim, um lado certo e um errado nessa história. De que lado você samba?
Em tempo: obrigada Giba Bergamim Junior e Leandro Machado pelos primeiros socorros!
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